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Foto do escritorElisangela Reis

Partes de mim

Atualizado: 13 de set. de 2023

Quando perdemos um filho, perdemos também parte de nós.

Eu não sabia o quanto ainda doía a perda do meu primeiro filho até que perdi o segundo...


Nós vamos construindo castelos, imaginando a vida que teríamos com aquele ser, as coisas que faríamos, onde iríamos e como seria a vida a partir da chegada dele. Essas projeções que fazemos, vão revelando também o que ainda necessita de cuidado dentro de nós mesmas. Nossas próprias necessidades não atendidas, já que parece ser a partir delas é que vamos elaborando nosso modo de cuidado.


Quando as perdas acontecem, não perdemos, portanto, somente aquele filho, perdemos partes de nós.

Mulher triste, tampando o rosto.

Entende como isso é complexo?

Perder meu primeiro filho, deixou marcas invisíveis em mim. Ninguém conseguia entender minha dor, mas eu a sentia. Dia após dia, semanas após semanas e assim anos se passaram, a vida foi tomando seus rumos e a gente segue junto com ela. Mas, eu não esquecia.


Quando perdi o meu segundo filho, a dor voltou em dose dupla, a culpa e o sentimento de não merecimento vieram junto. As dúvidas se tornam recorrentes, seria algum tipo de punição? Neste momento as pessoas se voltam rapidamente, algumas com olhares quase que acusatórios. Mas depois de um tempo entendi que as reações são confusas pois neste momento ninguém consegue ajudar. Nada irá tirar aquela dor de dentro de você. Nem mesmo o tempo...


O tempo só ajuda a levar novamente a vida para aqueles rumos próprios dela.

E a gente vai seguindo...

Algumas atitudes ajudam em alguma medida: falar, ser ouvida de verdade sabe? Ter alguém para me ouvir verdadeiramente e afirmar que a minha dor era legítima fez com que eu pudesse viver novamente sem a presença e voltar a sorrir sem a culpa, por sorrir.


Relato de uma mãe em luto!




Como devemos reagir perante o luto de outra pessoa?

Não existem fórmulas prontas, mas algumas ações são recomendadas:


É preciso que se dê espaço!

É preciso que todos sejam acolhidos e escutados. É importante ouvir mais do que falar.

Chorar todas as lágrimas que estiverem destinadas a essa perda.

Cuidar do luto do parceiro também é essencial, em geral, a sociedade espera que os homens sigam fortes e muitas vezes não lhes é permitido nem chorar.

Jamais será possível medir duas coisas: a dor e o amor.

A medida é própria de quem a sente e deve ser respeitada.



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